quinta-feira, junho 22, 2006

Morte da vontade

Intensa lua que se abate em mim.
Cai-me em cima, escura e fria,
Apaga o sol dos meus lábios
E o brilho dos meus olhos, nunca existiu.

A areia cai e eu não me mexo.
Estremeço, de vez em quando
Como um vulcão que berra e cospe,
Mas não me mexo, só.

Nem as moscas atraio, desinteressadas,
Nesta morte conquistada sem dor.
Fui vivo por breves instantes,
Mas morri, sem vontade para nada...

Gonçalo Taipa Teixeira
11 de Novembro de 2002

quinta-feira, junho 01, 2006

Salva-me

Leva-me daqui, vento frio que me aqueces a esperança. Ao ponto de a incinerares, talvez… leva-me, ou traz-me a Lua, que me puxa a noite. A ver se eu durmo.
Uns levam-me a vontade de cá ficar, massacram-me, torturam-me. Preferia que me arrancassem as unhas.
Outros assustam-me de morte, cedem os azares em ofertas maledicentes que me empurram para ti, vento gelado. Salva-me.
Já tentei chorar até secar, mas a sede leva-me sempre a melhor!... Também tentei distrair-me, mas o gelo nervoso acorda-me sempre!
Salva-me…

Gonçalo Taipa Teixeira
19 de Dezembro de 2001