Amanhã...?
Lágrimas quentes riscam-me as costas
Lambem-me a testa, preguiçosas.
A sala está quente, estagnada.
Zumbem à minha volta palavras,
Números, ideias que não ouço:
Penso, só...em tudo, em quase tudo;
Leva-me daqui o ar quente que expiro
Nem sei se inspiro, se me mantenho.
Procuro, não sei, o bater do meu coração.
Descubro, ou perco, o caminho dos meus passos,
Dos meu pés descalços, não encontro as solas.
Perco a ponta dos dedos no nevoeiro negro
Cada vez que estendo o braço...
Não sei porque se fecha o presente,
Ou porque o passado se tornou distante.
E o meu olhar que se perde com os dedos...
Queria eu ficar aqui; não posso...!
Pudera eu ver o espelho (ri ou chora?)
Em que amanhã me vou olhar...
Gonçalo Taipa Teixeira
15 de Maio de 2001