segunda-feira, maio 22, 2006

Ouvi um cuco

Ouvi um cuco insistente
Chamar a montanha à razão
Porque inclina as costas doridas
Porque o negro fogo a cansa

São fantasmas e esqueletos
Furam o horizonte, afiados
Apontam ao sol, queimados
Como se a vida ali parasse

E as pedras, eternas, roladas
Polvilhadas pela encosta
Espalhadas como migalhas
Como estrelas que o céu largou

Ouvi um cuco
Mas as asas não abriram

Gonçalo Taipa Teixeira
28 de Abril de 2006