sábado, dezembro 10, 2005

Olhos de água

Duvidoso cruzamento de pequena dúvida
Encruzilhada inevitável na minha cama.
Serei eu injusto? Ou serei apenas eu?
Dúvidas cancerosas que me atordoam.

Certeza e ninho feito de Lua em Lua...
Aventura na ponta de uma flecha...

Escolhas a mais, na escada que não se desce,
Sem arlequins culpados, só culpas e chagas:
Dói seguir estrada sem roubar os frutos;
Dói deixar a estrada de destino confesso.

Pantufas quentes que os pés conhecem...
Pés descalços, livres para sentir o chão...

São estes olhos de água que me ameaçam
Chamam-me em segredo, não dizem nada.
É este sorriso em combustões instantâneas
Que me assombra o reflexo da paixão...

Dia de céu aberto no meio do Sol de Verão...
Noite intensamente estrelada de Lua incerta...

Talvez sejam as certezas que me testam,
Provam que não ensombram nem reflectem.
Talvez seja um poema que me avisa, já gasto,
Que o rio segue para os poços de águas verdes...

Gonçalo Taipa Teixeira
20 de Novembro de 1999