domingo, novembro 13, 2005

Viver

Escuto o que não quero que se ouça
Mato tudo quanto já não vive
Lembro-me de tudo o que matei.
Respiro, melancólicamente
Como se suspirasse esquecido;
O sangue corre-me nas veias
Repete o percurso de anos...
Tudo funciona na prisão
Em que me encontro só.
Procuro espaço, quero correr;
Berro por guerrear
Arrancar as barras
Que me prendem a raiva...

E aqui me vejo,
Manchado pelo meu próprio sangue:
Cada vez que me mexo
Sangram-me as paredes que me prendem,
Soltam-se os lobos dos meus medos,
Morro um bocado, todos os dias
Por cada vez que tento viver...

Gonçalo Taipa Teixeira
9 de Dezembro 1996