quinta-feira, julho 12, 2007

Acordar

Desço fundo nesta brisa carregada;
Leva-me o vento que Hades exala.
Quieto, inerte, rendido ao Sol,
Ao quieto desabrochar deste Inferno
Que o meu tempo engole, passivo.
Desço a pique, quero renascer,
Chamar-me Fénix e voar sob o Sol,
Mas a Lua não me leva, provoca-me.

Soterrado em estrelas alheias
Adormeço, sonâmbulo, sem sonhos.
Sou um estranho no meu destino,
No qual viajo aos empurrões.
O Mundo não me guardou lugar
E o meu coração é negro:
Sou uma sombra do meio-dia;
Encurtaram-me as asas geniais
Sou só um monte de rédeas banais.
Vou talvez dormir, a ver se acordo...


Gonçalo Taipa Teixeira
16 de Março de 2004